
Aposentado, inativo, improdutivo, inútil.
O que ouvimos ou pensamos quando nos aposentamos: aposentado é inativo, improdutivo, inútil.
Mas, como assim? A pessoa passou a maior parte da vida trabalhando, muitas vezes não viu os filhos crescerem, não tirou férias, correu atrás o tempo todo do trabalho, do fazer dinheiro, alguns pouco dormiu, enfim, chega aos 65 anos e é chamado ou pensa que é um inútil?
Você pode resolver não fazer mais nada, dar um basta! Chega! Não quero mais trabalhar! Ok. Você pode sim, você é dono da sua própria vida, mas faça isso sem tristezas, sem mágoas, ressentimentos em relação à juventude que se foi. Faça essa escolha consciente e se passou um ano, mudou de ideia, ok também.
Envelhecer não é um problema, um palavrão.
Faz parte do fluxo da vida.
Lamentamos o fim da infância? O fim da juventude? Então, por que se lamentar na fase do envelhecimento o fim da maturidade?
O problema está na fobia do envelhecimento.
Pensamos que com o envelhecimento perdemos nossas forças, nossas qualidades, perdemos a nossa paixão pela vida, a mobilidade, muitas coisas.
Mas, podemos também, pensar de outra forma, nos concentrando no presente em que vivemos e não naquilo que passou.
“Envelhecer é o processo que favoreceria o encontro do sentido da vida?”
Para mim, sim. É a oportunidade que a vida nos dá de reconciliarmos e reconfigurarmos o nosso próprio tempo. É um recurso de elaboração e produção para o sentido da vida.
Para Cícero, filósofo italiano (3/01/106ac – 7/12/43ac), “envelhecer bem está ligado a experimentar o exercício das virtudes: prudência, temperança, justiça e coragem”.
“O medo de envelhecer se dá pelos vícios, da injustiça, da covardia, da intemperança e imprudência. Ou seja, viver de modo imprudente, sem coragem de enfrentar os problemas, de reconhecer o medo e a partir desse reconhecimento, ter uma consciência daquilo que nos atemoriza” e refletirmos: o que é temor? Esse medo é real ou irreal? O que posso pensar e fazer diante disto? Esclarecer essa questão nos fortalecerá e trará paz.
Epicuro, filósofo grego (fevereiro de 341 a.C. – 270 a.C.) vai nos dizer que: “Quanto mais estivermos no meio da multidão, mais será preciso que a gente encontre a si mesmo e o envelhecimento nos dá essa possibilidade, porque nos dá mais tempo”.
A experiência do envelhecimento é a oportunidade que a vida nos dá para construirmos, elaborarmos uma relação de gratidão com a vida. Por todos os prazeres, oportunidades que tivemos e de fazermos o nosso melhor. Olhar, para o nosso pior e nos reconciliarmos com o aprendizado que ele nos trouxe. Agradecer por termos podido desfrutar de tanto tempo no mundo.
Eu vou dizer a você: envelhecer hoje, é um privilégio, pois até o século XVIII, a expectativa de vida era de 30 anos, hoje, a expectativa de vida, segundo o IBGE é de 76,4 anos.
É próprio da nossa realidade que a gente envelheça.
Na nossa sociedade, produzir passa a ser sinônimo de vida. A não produtividade seria estar em lugar algum. Somos pessoas, não objetos.
A vida que é nossa, é muito mais do que ser produtivo, é antes de tudo Ser, somos seres humanos independentemente de produzirmos ou não.
Como disse, lá no início, produzimos a vida inteira, anos após ano e quando envelhecemos deixamos de Ser Humano?
A velhice está dizendo isso para a gente: que a vida pode se manifestar e ter o direito de se expressar de inúmeras maneiras, que não é preciso ser jovem ativo para ser feliz, para encontrar sentido.
Fez sentido para você?
Referências:
Curso "Sentido da Vida" da Casa do Saber - Professor: Renato Nogueira.
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