
Lá atrás, há muitos e muitos anos, os nossos ancestrais coletores e caçadores, viviam para sobreviver ou sobreviviam para viver. As funções, nesse contexto, não eram muito diferenciadas, a não ser quando havia guerra. Neste caso, uma hierarquia era exercida por questões de bravura.
Os caçadores eram os homens, por terem mais vigor físico e a possibilidade de serem ágeis ao se deslocarem. Às mulheres, cabia os cuidados dos filhos e dependendo do estágio “civilizatório” do seu grupo, exerciam também a função da agricultura.
Anos depois, na Grécia Antiga, as atividades mias valorizadas eram do ócio, da contemplação, exercidas pelos cidadãos livres.
Os cidadãos não livres, tinham a função de produzir a existência material, ou seja, de trabalhar, atividade desvalorizada socialmente nesta época, considerada como penosa e degradante, porque essas pessoas não conseguiam subsistir senão servindo a outros. Não era o trabalho em si que era desvalorizado, mas, a dependência é que era considerada indigna do homem.
Nesse contexto, o cultivador pobre, que pena sobre o seu campo, ‘alimentando -se com custo’ é glorificado, porque é independente ao contrário dos artesãos, dos poetas e artistas que dependiam de um mestre ou de um cliente generoso para subsistirem.
As pessoas não escolhiam a função que queriam exercer, isso já era dado pela classe familiar do indivíduo, ou de acordo com as vitórias ou derrotas nas guerras.
Na Idade Média, especificamente no feudalismo, a sociedade era formada por nobres, clérigos, senhores e vassalos, onde, acreditavam que existia uma determinação divina tanto para a posição na sociedade quanto na ocupação transmitida de pai para filho.
Nesta época, o trabalho no mercado começava a aparecer, visando o sustento das pessoas.
E nesse contexto, a força da Igreja era enorme, então não se podia escolher a profissão. A estrutura social estava congelada, o que cada um vai fazer, seu prestígio social e poder já estavam determinados pela “vontade Divina” e por isso não podia e nem deveria ser questionado.
O trabalho era uma atividade para a sobrevivência, “manutenção e reprodução das espécies, mesmo que essa ordem social seja injusta, autoritária e violenta”. (Bock, pág. 22).
Chegamos em 1909, no contexto da industrialização, do taylorismo, do fordismo. A posição do indivíduo deixava de ser pelos laços de sangue, o que prevalecia era a ideia do homem certo no lugar certo, ou seja, a profissão deveria estar em harmonia com as aptidões e capacidades do trabalhador (Abath, pág. 13) e este teria que se esforçar para alcançar a posição desejada, desde que lutasse, estudasse e trabalhasse.
Seguindo a História, aproximadamente em 1950, no mundo pós Segunda Guerra Mundial, surge o primeiro paradigma acrescido da noção de progressão, “quanto mais sei, maior a possibilidade de evolução e progresso”. (Abath, pág. 15)
Neste momento, a noção de emprego é substituída pela noção de carreira, relacionada ainda à progressão dentro do que foi estabelecido na organização, estabelecendo então o desenvolvimento de carreira ao longo do ciclo da vida. O indivíduo ia passando por fases da carreira, nas quais ele aprendia, desenvolvia e realizava um conjunto de tarefas vocacionais.
A partir dos anos 90, com a globalização, tivemos a perda de noção de estabilidade e expansão das telecomunicações. O foco não estava mais na escolha da profissão, mas, no autoconhecimento de suas atitudes e capacidades para fazer a melhor escolha possível da profissão.
Aqui, passamos a entender que somos seres em construção, então o ato de escolher dá lugar ao ato de planejar.
Século XXI, com a 4a Revolução Industrial, tudo mudou, algumas profissões desaparecem, devido à automação e outras surgem.
Aqui, o indivíduo passou a ter a responsabilidade de gerir a própria vida, incluindo o seu trabalho. Ele pode construir seus próprios projetos, ser autor de sua própria narrativa e o responsável por preparar-se para as transições entre um projeto e outro. Ele passou a ter mais autonomia sobre si.
A separação de carreira e vida que existia antes, cai por terra. Nesse paradigma, o objetivo é construir um projeto de vida em que nele esteja integrado o projeto de trabalho. (Abath, pag.21).
“Primeiro eu escolho a vida que eu quero, depois a carreira que cabe nela” (Zorah Viana).
Esse processo resulta em um plano de carreira realista, pois estará integrado com a história de vida. Na verdade, o indivíduo planejará um projeto de vida, onde ele irá gerir a sua vida por meio da relação estabelecida entre aquilo que é e aquilo que faz.
“É mais fácil avaliar riscos quando se consegue construir um projeto de vida, sentindo-se protagonista de sua própria história”. Esta frase de Gilberto Dimenstein, hoje, faz todo o sentido.
Se quiser ser o protagonista de sua própria história e construir o seu projeto de vida, posso lhe ajudar através do processo de Orientação de Carreira.
Aguardo seu contato.
Referências:
História da Orientação Profissional - Método GROWP© - capacitação profissional em orientação de carreira - Fabiana Abath
Orientação Profissional A abordagem sócio-histórica - Silvio Duarte Boch
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